Desafios e Caminhos para a Transformação Digital

Em um artigo publicado no primeiro semestre de 2019, na Harvard Business Review, os autores apontaram uma pesquisa que indicou que embora os riscos ligados a processos de Transformação Digital fossem a preocupação número um para CEO’s em 2019, 70% das iniciativas de Transformação Digital não alcançaram seus objetivos.

Neste início de 2023 é interessante olhar para o quão atuais e relevantes ainda são o artigo e a pesquisa. Mesmo com o mercado e grandes organizações destacando a importância da Transformação Digital para o futuro das empresas, ainda é possível observar a dificuldade de se alinhar esses esforços ao planejamento estratégico.

A principal definição para Transformação Digital é a de que se trata da utilização de novas tecnologias para criar ou modificar processos internos, de negócios ou de relação com o consumidor - de forma a estarem alinhados com as constantes mudanças tecnológicas.

Essas transformações podem ocorrer em diferentes escopos e gerar os mais diversos impactos. Podem se apresentar como a construção de um novo app que facilita que seu público-alvo adquira seu produto ou serviço ou como a adoção de home office para garantir a continuidade do trabalho durante uma pandemia ou, simplesmente, possibilitar a colaboração entre atores que estão distantes geograficamente.

O ponto defendido pelo artigo é o de que muitas empresas estão entendendo a Transformação Digital como a mera aquisição de novas tecnologias e ferramentas, sem que aconteça o devido planejamento e a devida adequação. Em suma, a Transformação Digital não seria somente sobre Tecnologia, mas sobre a visão de futuro que a organização possui.

Os quatro pilares da Transformação Digital são Experiência do Consumidor, Dados & Análise, Computação em Nuvem e Mobilidade. A importância desse quarteto é tão grande que se torna inegável o fato de que eles vêm sendo adotados efusivamente por empresas mundo afora. Assuntos como a importância do envolvimento do consumidor, ferramentas de BI, evolução de inteligência artificial e afins estão bastante difundidos.

O que parece ainda não estar bem estabelecido é a necessidade desses pilares estarem fundamentados por estratégia e por preparação da cultura empresarial para trabalhar com esses agentes transformadores. O papel dos líderes nesse cenário é o de gerenciar expectativas, acalmar possíveis ansiedades causadas pela mudança e, principalmente, manter o propósito e os objetivos da empresa sempre à vista - afinal, é o propósito e os objetivos que determinam a necessidade de implementação de novas tecnologias, e não o contrário.

Alinhar estratégia aos esforços de inovação ainda é a forma mais coerente de se atingir os objetivos de um processo de transformação. É importante, ainda, ter a consciência de que a compreensão a respeito daquilo que se quer transformar acontece de dentro para fora. Nenhuma solução tecnológica irá revolucionar a relação de uma empresa com seu público consumidor por si só: sem o envolvimento de todas as partes pertinentes ao processo, ferramenta alguma consegue cumprir seu papel.

Por isso, o estabelecimento criterioso de objetivos que estejam ligados às estratégias macro de uma empresa ainda é o caminho. A proposta para 2023 jamais poderá ser a mesma de 2019, claro - mas o lembrete de que pilar algum para em pé sem sua própria fundação ainda é válido para hoje e para o futuro.